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BUKOWSKI DIANTE DAS AREIAS DO TEMPO

O filósofo argentino José Ingenieros, em seu livro “Las fuerzas morales”, nos lembra que cada época tem que lutar para reconquistar a história. As pessoas de todos os tempos, dentro de suas circunstâncias, devem esforçar-se nessa empreitada. O conhecimento, por sua natureza, encontra-se espalhado pela sociedade, em repouso sobre incontáveis fragmentos, como se fosse um oceano de areia diante do horizonte da existência e, cada geração, deve procurar reconstruir, com as areias do tempo, o palácio da memória, o templo da história porque, sempre, cedo ou tarde, vem a roda-viva e sopra novas circunstâncias em nossa vida mal vivida, que vão erodindo todo o trabalho que foi realizado por nós e pelas gerações que nos antecederam. A cada nova circunstância que se apresenta, é necessário que procuremos atualizar a nossa visão do passado, para que possamos melhor compreender o momento presente e, principalmente, a nós mesmos. Nesse sentido, podemos afirmar, sem medo de errar, que a história é sem

REFLEXÕES INOPORTUNAS (p. 01)

É fascinante, para não usarmos outros termos, vermos o tom moderado, e as expressões de equilibrada indignação, que são usadas por inúmeras autoridades e formadores de opinião, para justificar práticas totalitárias como sendo recursos necessários para preservar o seu projeto de poder que, no caso, eles não chamam pelo devido nome, que é tirania. Nada disso. Eles, malandramente o chamam de “democracia” e, ao fazer isso, essas figuras se acham umas gracinhas.   #   #   #   Não existe liberdade de expressão se não existir a possibilidade de nos sentirmos ofendidos com o que os outros poderão dizer a respeito de algo, de alguém ou sobre nós mesmos. Se nós não compreendemos isso é porque, bem provavelmente, nós queremos apenas e tão somente calar as vozes que discordam de nós para que possamos, “livremente”, ouvir apenas e tão somente a nossa.   #   #   #   Não chame ninguém de alienado antes de examinar o estado fragmentário em que se encontra a nossa minguada consciência. Não chame ningué

CAMINHANDO SEM PRESSA NA CONTRAMÃO

Recentemente tive a alegria de encontrar em um Sebo o livro “Rubem Braga – um cigano fazendeiro do ar”, de Marco Antonio de Carvalho. Na ocasião, não tive como comprá-lo. Já havia fechado minha compra e, em consequência, não tinha mais nenhum tostão no bolso, por isso, deixei o baita na estante, torcendo para que ninguém o comprasse.   As semanas se passaram e lá estava eu, mais uma vez, no mesmo Sebo e, graças ao bom Deus, lá estava o bicho velho, esperando o Darta para levá-lo. Na ocasião estava indo para uma consulta médica e, enquanto aguardava, iniciei minha jornada pelas páginas da referida obra.   Rubem Braga, o homem que passava despercebido no meio da multidão, percebia tudo, tudinho, que a multidão não era capaz de constatar e de compreender. Não é à toa que ele era e é o grande mestre da crônica.   Ao indicar esse caminho, não estamos, de modo algum, querendo insultar ninguém não. O fato é que toda multidão, por definição, vê apenas e tão somente o que os mil olhos da massa

QUASE POESIA (p. 07)

# 044   Cristo, o rei dos reis, Curva-se com amor Para em nossos imundos pés Gentilmente deitar água E, ao deitá-la Sobre nossas cracas, Ele quer curar nossa alma Carregada, cheinha De pútridas máculas.   # 045   Não respeito sua opinião. Respeito, profundamente, Seu direito inalienável De estar, completamente, Equivocado.   # 046   Educação não se ganha, Educação se conquista, Com labor e constância.   # 047   Aquele que se considerar Insubstituível, de si, Facilmente se perderá.   # 048   Toda criação clama Gemendo em silêncio Na Sexta-feira Santa.   # 049   Para todas as alegrias Junto das boas companhias Leve uma xícara de café.   Nas horas de amargura Quando a tristeza profunda Beba um bom café.   No labor do dia a dia Na fadiga da nossa rotina Tome aquele café.   # 050   Jamais confunda Uma reflexão Crítica   Com a fissura Duma masturbação Cerebrina.   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, e

REFLEXÕES E APONTAMENTOS INOPORTUNOS (p. 05)

As lições mais preciosas que podemos aprender nesta porca vida são ministradas silenciosamente.   #   #   #   Quando estamos diante de um fato, pouco importa qual seja, e somos capaz de ver nele e através dele, as inúmeras camadas de significado, as incontáveis ambiguidades e as várias perspectivas incongruentes, fatalmente terminamos por nos sentir meio que indecisos frente a possibilidade, mesmo que mórbida, de termos de tomar uma posição em relação a eles. E se isso ocorre conosco, é sinal de que não estamos, assim, tão longe de compreender o que seria essa tal de misericórdia.   #   #   #   A cruz pesa sobre o ombro do inocente, para que os culpados tornem-se conscientes de todo o mal que é propagado pelos seus atos inconsequentes; para que nos tornemos cônscios de todo o mal que é esparramado pelos nossos atos imoderados, dissimulados e imprudentes.   #   #   #   Toda pessoa que se esforça para parecer razoável, dificilmente conseguirá compreender realmente o que vem a ser essa ta

NA BOCA DA INFORMAÇÃO

No final dos anos 90, o sociólogo catalão Manuel Castells publicou uma densa trilogia intitulada “A Era da Informação”, obra essa que me impressionou muito quando a li, também, na última década do milênio passado.   Mas não é a respeito desta obra em particular, do referido sociólogo, nem a respeito de outras de sua lavra que pretendo assuntar nessa escrevinhada, mas sim, procurarei me restringir a um tema mais modesto que, penso eu, cabe direitinho na caçamba do meu caminhãozinho de ideias. No caso, é a noção mesma de “informar”.   Hoje, para todos os lados que voltamos nossas vistas, lá encontramos alguém falando pelos cotovelos a respeito da “era da informação” e que, diante do avassalador poder de manipulação da grande mídia, e frente a maré das chamadas “Fake News”, seria um absurdo continuarmos a nos referir à presente página da história da humanidade com esta alcunha e que, o mais apropriado seria chamarmos o nosso tempo de “era da desinformação” ou, como alguns preferem, “era d

REFLEXÕES E APONTAMENTOS INOPORTUNOS (p. 04)

A CNBB do B se esforça, como se esforça, para escandalizar os fiéis de todos os tempos para, forçosamente, parecer agradável aos infiéis, de todos os matizes, do tempo presente e, ao que tudo indica, ela não parará tão cedo de trilhar por essa escandalosa vibe nem um pouco apostólica. #   #   # A grande mídia, há um bom tempo, não faz mais jornalismo; ela faz apenas e tão somente, uma miserável assessoria, relativamente eficaz, de manobra da opinião pública. #   #   # A inteligência pode até ser artificial, mas a burrice é sempre, e sempre será, destrambelhadamente humana. #   #   # Não confundamos curiosidade intelectual, que é algo fundamental, com indiscrição de janeleiro, que é um trem pra lá de imoral. #   #   # A ficção é uma forma elegante de se dizer uma verdade inconveniente, ou de descomplicar uma obviedade de difícil digestão. #   #   # Nem toda obra literária é uma obra de literatura fantástica, mas toda literatura é maravilhosa e, sua leitura, é um trem fantástico. #   #